sábado, 30 de abril de 2011

Lambi-Lambi, stencil e stick por Jas-One

O artista urbano Jas-One decidiu participar da intervenção através de sua arte, espalhando, em diversos locais na cidade, a imagem inicial do projeto. 
Agradecimento especial para Estrela, por deixar colocar um lambi-lambi no Bronx Bar,
Abaixo algumas dessas imagens.

 Poste perto do Parque do Povo
 Na pirâmide do Parque doPovo

 Rua Getúlio Vargas, ao lado dos Correios
 No Viaduto da Avenida Canal
 No antigo Cine Capitólio

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Universidade Estadual da Paraíba apoia manifestação artística contra o consumismo desenfreado

Originalmente publicado no site da UEPB




O Centro de Arte e Cultura (CAC) da Universidade Estadual da Paraíba está apoiando a intervenção urbana “Ágape: Uma prática anticonsumista”, manifestação do artista plástico Jorge Elô. A intervenção que acontecerá em Campina Grande a partir do dia 1° de maio tem a proposta de alertar a população no que se refere à desenfreada utilização de mercadorias e serviços para satisfação das necessidades humanas além de refletir acerca da sustentabilidade do planeta.

A intervenção assim se denomina porque para o filósofo grego Platão, Ágape é o amor desinteressado, de doação, sem espera de recompensa. A atividade consiste em arrecadar roupas e acessórios de amigos e demais interessados em aderir à causa, a partir dos quais serão montados quatro figurinos. As demais peças serão doadas para o Grupo de Apoio ao Paciente Oncológico (Gapo), organização não governamental de Campina Grande, que auxilia portadores de câncer menos abastados do ponto de vista financeiro. Cada figurino será usado pelo artista por um mês, todos os dias, envolvendo as tarefas profissionais e cotidianas.

As peças serão arrecadadas até o dia 29 deste mês e aqueles que desejarem tomar parte na intervenção, praticar o desapego ou simplesmente tiverem interesse em doar roupas para a iniciativa, poderão se dirigir ao Centro de Arte e Cultura da UEPB, que está funcionando como ponto de arrecadação. O Centro é localizado no Parque Evaldo Cruz, S/N, ao lado do Terminal de Integração, em Campina Grande.

No período da intervenção, que durará de maio a agosto, Jorge Elô declamará poemas de escritores locais e nacionais mensalmente na Praça da Bandeira, abordando a temática contra o consumismo. Além disso, o ápice do trabalho se dará quando o artista aparecer de surpresa numa festa da elite de Campina Grande, ainda a ser definida, e declamar um poema sobre a sociedade de consumo.

A intervenção urbana acontece em parceria com a jornalista Natasha Ikhmieniev. Ao final da prática, os quatro figurinos usados e a cobertura fotográfica do projeto serão expostos no CAC/UEPB. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (83) 8818-9044.

Artistas e estudantes contra o consumo exagerado

De acordo com o artista, a intervenção, que estava prevista para começar em meados deste mês, foi adiada devido a problemas de ordem técnica, mas prossegue ganhando a simpatia especialmente de estudantes e da comunidade artística local.

Escritores como Janailson Macedo, que já efetuou a doação de algumas peças, e Bruno Gaudêncio estão participando da proposta através do envio de poemas de cunho anticonsumista. O dramaturgo Saulo Queiroz, que também é diretor do Núcleo de Teatro da UEPB, igualmente participará concedendo alguns itens de vestuário, assim como o cineasta Erik Medeiros e o artista plástico Flávio Cândido já o fizeram.

O artista Jas-One já se prontificou a colocar diversos stencils pela cidade, com a imagem de divulgação da intervenção, em tamanho natural, onde Jorge aparece sem vestes, segurando apenas um grande livro do pintor holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn.

Mais sobre Jorge Elô

Natural de São Paulo, Jefferson Justino de Queiroz, o Jorge Elô, começou a desenhar na infância. Radicado em Campina Grande desde os 13 anos de idade, criou em 1996 seu primeiro personagem em quadrinhos, chamado Drio, influenciado pelas histórias de Calvin e Haroldo. A partir de então não parou mais de produzir, chegando a criar em 2006 um blog na internet (www.aventurasdavidacomum.blogspot.com) onde publica suas tirinhas.

Formado em História pela UEPB, Jorge Elô já enveredou por diversas outras linguagens e técnicas artísticas. Realizou uma animação intitulada “Campina Grande City” em 2008, com a qual ganhou o prêmio de melhor animação no Festival Comunicurtas/UEPB de 2010.

Ainda em 2008, realizou a exposição “Clássicos a Nanquim” no CAC/UEPB. No ano seguinte, produziu 20 quadros para o Museu do Semiárido, localizado na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Essas obras foram expostas em 2010, no Shopping Boulevard, em Campina, e na Estação Cabo Branco, em João Pessoa.

Também em 2010, efetuou a exposição “Ensaios a Lápis de Cor”, no Cine São José, em Campina Grande, e participou de uma exposição coletiva de quadrinhos no Sesc Centro.

Atualmente, está trabalhando num projeto do Museu do Semiárido financiado pelo BNB para a construção de três dioramas - um modo de apresentação artística, de maneira muito realista, de cenas da vida real para exposição com finalidades de instrução ou entretenimento. Também integra o Coletivo WC, composto por quadrinistas paraibanos que estiveram com uma exposição no Espaço Mundo, em João Pessoa, no final do ano passado.


Juliana Rosas, com informações da assessoria do artista

sábado, 23 de abril de 2011

Ágape: Uma Prática Anticonsumista

Artigo publicado originalmente no site www.paraibaonline.com.br

A intervenção Ágape: uma prática anticonsumista nasceu num sábado sem nenhum conflito ou dissabor. Contrariando a calmaria da ocasião, durante uma conversa com Natasha Ikhmieniev, a ideia se revelou completa, pronta, acabada. Datas, ações, detalhes, exposição, declamação de poema - tudo surgiu repentinamente. Depois bastou colocar no papel e passar a convidar as pessoas a participarem. Não poderia dizer que foi algo pensado, ou elaborado, a não ser pelo fato de conter um conjunto de valores que defendo há tempos.

O conto publicado neste portal chamado “Um calçado, duas calças e quatro camisas” já possui algumas indicações acerca do meu pensamento anticonsumista. Nele, afirmo: “é preciso lembrar que o paradigma nativo será o predominante neste século de aquecimento global e consumo desenfreado, se quisermos, de fato, salvar o mundo e a humanidade como conhecemos”.

O paradigma nativo é pensado com relação ao respeito que os nativos possuem com a terra e toda vida que esta alimenta. Eles também respeitam e conhecem os astros e as forças que exercem sobre nossa vida. Preservar, agradecer, oferecer e se submeter à grandiosidade da mãe terra, ou do deus sol, não pode ser encarado como algo primitivo. Afinal, hoje temos consciência desses fenômenos por outra perspectiva: tememos o sol, pois estamos cientes de que ele causa câncer de pele enquanto aquece e esquenta nossos corpos. Recorremos aos protetores solares, mas sabemos que permanecendo neste ritmo de aquecimento e incidência de radiação solar, lagos e rios secarão, e não será o uso de filtro solar que nos preservará de sua fúria.

Tudo é resultado da forma como estamos destruindo a terra, desmatando, poluindo e transformando aleatoriamente a harmonia complexa da natureza. É certo que atualmente uma parcela significativa da humanidade passou a temer os efeitos que essa ação pode nos acarretar e pensa em soluções e práticas para evitar tragédias futuras.

Saliento que é preciso uma mudança muito brusca na maneira como se organiza a sociedade de consumo, conhecida como pós-moderna, globalizada e tecnológica, por alguns. Todavia, dificilmente haverá uma ruptura nos valores consumistas em nível global. É mais provável que países orientais (como China e Índia) passem a querer consumir de acordo com os padrões ocidentais, lançando para participar deste banquete enorme da terra, uma quantidade de mais dois bilhões de pessoas. Infelizmente, países com forte influência hindu e budista estão sendo seduzidos pelo luxo e ostentação do modo de vida (consumo) americano.

Acredito que a Arte precisa causar nas pessoas sensações que as levem a refletir sobre os problemas que enfrentamos. A Arte contemporânea não pode fugir a isso. A intervenção tem como objetivo levantar discussões sobre o tema, associadas à prática de desapego e solidariedade. O desapego é de fato, o tema principal da intervenção. O desapego de minha parte - doando todas as peças do meu vestuário, incluindo camisas, calças, casacos e calçados. O desapego também por parte das pessoas que contribuem doando peças do seu guarda-roupa para a intervenção. E o desapego em relação às aparências e conveniências, pois decidi passar um mês com cada um dos quatro figurinos montados com as doações, que serão utilizados em todas as minhas atividades cotidianas e profissionais. A intervenção vai percorrer os meses de maio a agosto do corrente ano.

As minhas roupas, junto às doações que não entrarem nos quatro figurinos, serão dadas ao GAPO (Grupo de Apoio ao Paciente Oncológico), localizado na Casa de Saúde Dr. Francisco Brasileiro, em Campina Grande. A Ong auxilia portadores de câncer desfavorecidos financeiramente. Desta forma, o desapego associa-se a solidariedade. Tendo em vista o título da intervenção, “Ágape: uma Prática Anticonsumista”, fica evidente como somente a Ágape, ou seja, o amor desinteressado, de doação, sem espera de recompensa, pode reverter nosso apego e ganância em querer juntar cada dia mais, e consequentemente, reduzir o consumo e os danos ao planeta.

Durante o período da intervenção, farei uma vez ao mês declamações de poemas na Praça da Bandeira, de escritores locais e nacionais, com o uso de um megafone, sendo todos de teor anticonsumista. Alguns amigos já começam a enviar seus escritos para mim. É o caso de Flávio Candido Freire, Bruno Gaudêncio, Celso de Alencar, Suana Medeiros, Jan Macedo, entre outros.

Outra ação se dará em parceria com o artista Jas-One, que colará imagens divulgando a intervenção pelo Centro da cidade, em tamanho natural. Nelas, apareço sem vestes, somente com um livro protegendo minha nudez. Também serão feitas imagens pequenas, em tela de serigrafia, para serem pintadas nas paredes do Centro.

Decidi esticar o prazo de arrecadações, na esperança de conseguir uma quantidade considerável de peças variadas. Para quem tiver interesse em participar, as doações podem ser feitas no Centro de Arte e Cultura da UEPB, ao lado do Terminal de Integração, no Açude Novo, até o dia 29 de abril (próxima sexta-feira). Basta procurar por Saulo Queiroz, ou deixar com algum funcionário do Museu, avisando que entregue ao próprio Saulo. Também podem ser entregues a mim pessoalmente, ligando para o número (83) 8818-9044.

No decorrer da intervenção, haverá uma data a ser definida onde entrarei em uma festa da elite campinense, trajado com o figurino, para recitar um poema anticonsumista a todos os presentes. Evidentemente, o discurso de desapego deve ser repetido de forma enfática a quem mais consome. Acreditar que é possível fazer com que todos deixem de guiar suas vidas pela aquisição de bens materiais, em especial a elite, é algo árduo e distante, porém, não julgo incapaz de ocorrer. Se não mudarmos agora por vontade própria, certamente teremos que mudar por necessidade, quando o planeta não mais aguentar nosso descaso e passar a eliminar populações inteiras.

Isso porque vivemos em uma sociedade onde muitos sabem criticar ou apontar soluções. Sabem exatamente o que deve ser feito. Mas infelizmente, bem poucos fazem algo. É preciso que passemos a agir bem mais do que falamos. Chegamos onde estamos porque pensamos, mas não vivemos. A vida existe para ser vivida não para ser pensada. Lembro-me disso sempre que vejo os olhos verdes de Pingu (meu gato adotivo) a observar tudo ao seu redor. Sei que os gatos, assim como os outros animais, sabem o que é a vida e como vivê-la. Nós, seres racionais, estamos mais distantes, a cada dia, dos desígnios do divino criador. Seja ele Deus, Alá, Krishna, Gucamatz, Manco Capac, Odin, Zeus, ou simplesmente o ser que habita em nós. Somente quando entendermos a vida em sua complexidade espiritual, equilibraremos as coisas no âmbito material.