Com o figurino em uso durante o São João de Campina Grande
Esses dias que passei sem relatar meu cotidiano na intervenção “Ágape: Uma Prática Anticonsumista”, foi repleta de situações interessantes, diríamos algo mais subjetivos, íntimo, do que ações externas.
É certo que dia 10 de junho ocorreu a primeira declamação na Praça da Bandeira. Houve a participação Max, fazendo as honras de abertura, e de Flávio e Edgar cantando suas composições. O público que se fez presente gostou tanto da ideia que ficaram ansiosos pela data da próxima declamação. Foi um momento interessante, pois propiciou para mais gente ficar sabendo do projeto, e principalmente, a refletir acerca do tema do consumismo e onde ele nos levará. Estou, neste momento, reunindo mais poemas, para marcar a segunda declamação, que deverá ocorrer no início do mês que vem.
Em Campina Grande durante o São João, com trinta dias de festas, manter-me com apenas uma vestimenta está sendo muito difícil. Isso acabou me limitando em sair para as comemorações, como também me obrigou a usar as vestimentas em alguns momentos sem a higiene de que gostaria. Neste período também há a incidência de muita chuva, o que dificultou na secagem da roupa e me fez usar a calça com lama na barra das pernas.
Porém, não foi suficiente para me desanimar, pois, esses dias ajudei Flávio na confecção de uma escultura de um bode, dei minhas aulas de desenho, pintei alguns quadros e vivi ávidamente como costumo fazer.
As imagens deste período citado acima ainda são parcas, e por isso deixo para postá-las em um segundo momento. Agora, estou selecionando-as para a exposição que ocorrerá ao final da intervenção, no mês de setembro. Se tudo ocorrer bem, possa ser que essa exposição seja aprovada no Rumos do Itaú Cultural, e o projeto seja conhecido no país inteiro. Mentalizo isso todas as manhã, enquanto agradeço por mais um dia entre tantos outros que virão. Sei que pessoas também estão mentalizando junto a mim, como posso perceber nas discussões e reflexões que tive neste período.
As discussões são o principal eixo da intervenção, que associa a prática do uso das vestimentas de minha parte com a reflexão sobre o tema com a sociedade. E, essas interações, são significativas, pois percebo como a intervenção está atingindo diretamente às pessoas, e assim posso ter uma dimensão de como as ideias estão sendo absorvidas. Neste sentido, basta que saia em público para a discussão acerca do consumismo venha à tona. E independe do contexto e situação, como, por exemplo, o papo que tive com Ian e Matheu em meio ao forró no São João na casa do grande Adoniran, e que renderam belas reflexões.
Outro amigo meu, que se chama Joari, depois de saber da Ágape, decidiu abandonar o hábito familiar de comprar roupas todos os anos, e decidiu usá-las por mais tempo, assim como utilizar doações de próximos quando fosse preciso. O interessante, é que ele, por todo esses anos que o conheço, mantinha um visual próprio, carregado de preto e peças de couro. Sua escolha alterou totalmente seu visual, e como ele mesmo disse “vocês verão agora um Joari mais colorido, mais vivo”.
Em outra conversa, Larissa me falou, em meio aos ruídos do Parque do Povo, que achou muito interessante o Ágape, e que já mantinha uma prática neste sentido, não com relação as vestimentas, mas sim em seu hábito de não comer carne. Para ela, boicotar o consumo de carne significava boicotar os grande produtores de gado, que são junto com os madeireiros, os principais responsáveis pelo desmatamento da amazônia. E soma-se a isso as queimadas, tão prejudiciais ao clima do planeta, efetuadas para a produção de pasto. Fiscalização e controle para a redução do consumo de carne destas áreas de desmatamento já estão sendo tomados pelo governo, muito embora quem decida abandonar o consumo de carne, o faz também por outros motivos, como de saúde, religião, ou apego aos animais. De toda forma, passar a pensar sobre esse ponto, foi intimamente significativo para mim.
Neste momento da intervenção, estou com dificuldade com relação ao registros das ações. Mas isso está sendo resolvido, já que diversos amigos que trabalham com fotografia e áudio visual, já apontaram o interesse em ajudar. E por isso, só tenho a agradecer a todos os envolvidos no projeto, diretamente ou indiretamente, como foi caso de Ítalo Jones, que acabou registrando parte da declamação do dia 10 de junho em vídeo enquanto passava pela Praça da Bandeira, sem que eu tivesse noção da gravação e no momento onde a pessoa responsável por essa parte no projeto havia o abandonado. Sendo assim, os registros de Ítalo foram de suma importância para que a primeira declamação não passasse batida.
Abaixo o croqui que representa como será a exposição ao final da intervenção:
manequim vestido com um dos figurinos
porta-retrato feito de arame com os registros da intervenção.
O vídeo montado com as imagens da intervenção será projetado do teto para o chão, no centro, com as peças em volta.
Planta baixa mostrando como deve ser a disposição de cada peça e o espaço que deverão ocupar. O quadrado ao centro é a projeção do filme no chão, para que as pessoas caminhem por ele, e "entrem" literalmente na intervenção, com as imagens projetadas em si mesmas!
Também fiquei empolgado com a idéia. Por isso resolvi que irei caminhar até o oceano pra mostrar que o mundo precisa de menos carros.
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