‘Consumerismo’, ativismo para consumidor mais consciente, defende o fim da compulsão na hora das compras.
É um neologismo que também termina com “ismo”. O consumerismo, que soa como um erro de tradução, é um movimento contemporâneo de ativismo de consumo. Para facilitar, é o oposto de um ‘ismo’ bem mais popular: o consumismo.
“O consumerismo visa também contemplar o cidadão com leis, informações e organizações de defesa do consumidor para evitar danos materiais e morais”, explica o professor de comunicação Gino Giacomini Filho, da USP, autor do livro Consumidor versus Propaganda (Summus Editorial), entre outros títulos afins.
É que o consumo não atende apenas a necessidades operacionais. É, na verdade, muito influenciado pelo imaginário. “Isso explica porque pessoas compram compulsivamente brinquedos, sapatos e até remédios.” Ainda que esse comportamento possa colocar em risco a saúde, o orçamento e a aquisição de bens mais urgentes e/ou importantes.
Cadeiras e luminárias.
No livro A Linguagem das Coisas (Intrínseca), Deyan Sudjic, diretor do Design Museum de Londres, conta que há um número desproporcional de cadeiras e luminárias no mundo da criação. Não é uma questão de necessidade. O autor ainda relaciona o consumismo a um processo de infantilização do consumidor. “Temos máquinas de remo em que nunca nos exercitamos, mesas de jantar nas quais não comemos”, argumenta. “São nossos brinquedos: compensações às pressões incessantes para comprá-los.”
No livro A Linguagem das Coisas (Intrínseca), Deyan Sudjic, diretor do Design Museum de Londres, conta que há um número desproporcional de cadeiras e luminárias no mundo da criação. Não é uma questão de necessidade. O autor ainda relaciona o consumismo a um processo de infantilização do consumidor. “Temos máquinas de remo em que nunca nos exercitamos, mesas de jantar nas quais não comemos”, argumenta. “São nossos brinquedos: compensações às pressões incessantes para comprá-los.”
É isso o que os consumeristas atacam. Porque mais consumo implica “mais lixo, maior demanda por recursos naturais e maior gasto de combustíveis e energia para atender a desejos ilimitados, além de muitas outras posturas que induzem a comportamentos que oneram os ambientes naturais”, enumera o professor.
Em Consumo Autoral (Estação das Letras), compêndio organizado pelo sociólogo italiano Francesco Morace (diretor do instituto de pesquisas de mercado Future Concept Lab, em Milão, que acaba de visitar o Brasil para o Fórum de Megatendências), os autores defendem que o consumidor escolha, interprete e combine deliberadamente os produtos e serviços que consome. Sozinho.
Embora os autores não usem a palavra, é consumerismo o que propõem. E, para eles, isso já estaria acontecendo. “O cotidiano das pessoas está se aproximando das experimentações mais ousadas das vanguardas”, garantem.
O público já estaria aprendendo a preencher, com seus valores, o vazio deixado pela experiência de comprar cegamente. Por quê? Para fazer escolhas, misturas e abstenções inteligentes, responsáveis, autorais, consumeristas – ou como você preferir chamar.
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